VICENTE DO REGO MONTEIRO É TEMA ABORDADO NO ENCONTRO
Dentro da Livraria Saraiva, no espaço Manuel Bandeira, um local com pouca luz diante de uma TV, rodeado de filósofos, jornalistas, artistas plásticos e curiosos, formou-se o cenário da palestra do dia 26/05 sobre o pintor pernambucano Vicente Rego Monteiro, ministrada pela filósofa e estudiosa em artes plásticas, Karla Melo, de 44 anos. Karla estudou francês dos 8 aos 15 anos e deixou claro e transparente seu amor pelo que diz e pelo que faz. Ela ressaltou: “Depois de Leonardo Da Vinci, ninguém me emocionou mais do que Vicente do Rego Monteiro como investigador da vida sobre os temas da vida”. Seu toque suave e sua leveza em seus gestos mostraram minuciosamente as telas do artista Vicente em seus slides, como os temas religiosos, mitológicos e outros diversos de sua obra, como a tela de 1925, "O Menino e a Ovelha", onde ele achou sua identidade, ainda segundo a palestrante. “Você conhece uma pessoa pelos seus conhecimentos e pelo que ela passa para você.” E por falar em cores e pinturas, para ela, o verdadeiro artista não pinta com cores. “As cores são utilizadas, mas as pinturas são feitas de emoção.” Segundo os críticos, as melhores pinturas do pintor são da década de 20 e 30.
Ainda em sua agradável companhia, ela comentou sobre a morte do pintor: “Uma semana antes de Vicente Rego Monteiro morrer de um infarto, ele escreveu uma carta para Pietro Maria Bardi, que era seu grande amigo na época”. Bardi foi jornalista, historiador e também diretor do Masp por 40 anos. O último quadro de Vicente ficou inacabado e estava em seu atelier em 1970 no Prédio Holiday em Boa Viagem. Segundo Karla, “O local era habitado por moças da vida, e eu me lembro como se fosse hoje que meu pai não me deixava nunca passar nem próximo daquele lugar.”
Após o término de sua palestra, ela agradeceu aos seus patrocinadores e colaboradores, primeiramente à Livraria Saraiva, em seguida à editora Calibán, à gráfica Anta Marta e a Iury Miguel. Depois da palestra, ainda dentro da livraria, perguntei para ela o que achava mais interessante no pintor, e ela, em poucas palavras, disse: “Vicente é quase monogramático, o domínio que ele exerceu é impressionante.” E sobre as cores usadas nas telas do pintor, ela disse: “A cor pessoalmente dos quadros é diferente das cores usadas na impressão dos quadros para os livros.” Lembro-me quando fui ao museu em Paris com meu marido e tive uma crise de risos ao ver como era diferente. Ela falou também sobre as pinturas dele e sobre a forma como ele falava sobre elas: “Se ele estava no Brasil, proclamava a França, e se estivesse na França, proclamava o Brasil, ele tinha um pensamento socialista.” Após este último diálogo, pedi para que ela posasse para uma foto, e ela demonstrou-se super vaidosa ao reforçar sua maquiagem. Ela, como poucos estudiosos famosos, é bastante carismática.
EM ARTES PLÁSTICAS E ESCRITORA.
DRT:5061/PE
Matéria redigida pela jornalista Clarissa A. Castelo Branco em encontro na Livraria Saraiva no dia 29, setembro de 2009.
Comentários
Postar um comentário